segunda-feira, 10 de outubro de 2016

759 Turismo de identidade

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759 Turismo de identidade
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O cidadão sai da sua residência, a passeio ou de férias, em busca de novas sensações organolépticas. Vai em busca de novas paisagens para alegrar seus olhos ilustrando sua visão; novos aromas que agradam seu olfato; busca novos sons que embalam sua audição; procura novos lugares ou novos ambientes que proporcionem um gradiente de temperaturas, e sensações diferentes identificadas pela pele. Sai em busca de temperos que proporcionem novos sabores ao seu paladar. Parte em busca de novidades ou sensações já conhecidas, que resgatem uma memória. Memórias gravadas ao longo do tempo com: tato, olfato, audição, visão e paladar. Sensações que produzem um conhecimento quando entrelaçadas.

O cheiro de livro novo, indica que conhecimentos novos se anunciam. A mudança da temperatura do ar, pode anunciar as chuvas que se aproximam. O cheiro de ozônio no ar, resulta de raios durante tempestades. O cheiro da terra molhada chega quase junto com a chuva. O cheiro da madrugada anuncia o dia que inicia. O cheiro da fumaça anuncia o fogo e o incêndio. A constelação do Cruzeiro do Sul aponta a direção Sul, contraria a informação da Estrela do Norte.

As navegações que proporcionaram o descobrimento de novas terras, tinham como principal objetivo a busca de temperos em outras terras. Precisavam naquele momento de sabores modificados por temperos, que proporcionam, uma identidade em cada culinária, de uma região ou país. Na Índia o tempero denominado como “curry” é uma mistura de especiarias, que podem variar em quantidades e variedades de temperos, alterando seu sabor em regiões diferentes e até em famílias.

O paraíso citado no texto bíblico, possui um jardim com uma infinidade de sabores, disponíveis a Adão e Eva. Os oferecimentos a Deus eram sacrifícios, que poderiam ser transformados em alimentação e comidas, de origem de criações e de plantações. Há explicações diversas para o uso do sacrifício de animais, como por exemplo uma experiência de investigação das vísceras para identificar o tipo de ambiente, de ser propício ou não a permanência do homem. Hoje alguns animais são denominados e criados como animais de testes, para produtos e medicamentos. Herança do conhecimento bíblico.

Uma cidade começa com uma vila, que cresce e se transforma em um povoado. E para um grupo se estabelecer em um local era (é) necessário que houvesse uma facilidade e disponibilidade de água. Água para beber, água para banhar-se, e ao longo do tempo com  uma fixação na terra, uma quantidade de água que possa suprir uma pequena plantação, e uma criação de pequenos e/ou poucos animais. E aos poucos vai se construindo uma culinária própria com o que pode ser obtido da paisagem nativa, com animais criados, e com o colhido em uma agricultura de subsistência.

A presença do homem em um espaço de terra com uma agricultura e criação de animais, vai criando uma identidade, marcada em uma família, ou em um grupo com atividades semelhantes. Uma identidade original expressa na paisagem e na culinária. E até na linguagem e na nomenclatura. A culinária que é modificada por um clima e um geologia da terra, com a vegetação consumida pelos animais ali criados, proporcionando saberes e sabores diferentes de outros espaços de terras.

Uma comida preparada em um fogão de lenha, ou em uma fogueira improvisada, tem um aroma e um sabor próprio. E o tipo de lenha também pode agregar sabores e odores no alimento preparado. A galinha caipira tem sabores diferentes de um frango de granja, e o mesmo acontece com os ovos. E novamente o mesmo se dá com frutos silvestres e frutos plantados, seja na roça ou em uma agricultura intensiva ou extensiva. Vê-se, percebe-se, claramente as diferenças nos queijos; aspectos, aromas e sabores.

Os frutos e as frutas, legumes e verduras, e até leguminosas, depois de colhidos ainda podem ser processados e transformados, ocupando diferentes embalagens, com temperos e conservas diferenciadas, percorrendo distâncias em diferentes transportes, para chegar nas mesas da cidade. Aumentando assim a distância entre o solo plantado e a mesa com refeições, modificando os sabores. O sabor do vinho da Ilha da Madeira é diferenciado pelo balanço do navio que viaja até outras terras.

E o turismo de identidade pode colocar o turistas em contato com antigos e primitivos sabores, odores, sons, cores e sensações. Típicos de uma terra e típicos de uma região.

RN, 10/10/2016

Palavras chaves: Folk Turismo, folkturismo


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